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Tem dias que lembro em como era quando estava amando e pensava: é isso. Sem efeitos especiais, sem trilha sonora romântica ao fundo, sem por-do-sol cinematográfico. Só nos dois no sofá, de camiseta velha, comentando algo aleatório que vimos ao longo do dia. E, ainda assim, me pego sorrindo.
Acreditoo que amar é um pouco isso. Estar ali, inteiro, quando ninguém está olhando. E permanecer.
Dizem que o amor muda com o tempo. Que o encanto passa. Que um dia a gente acorda e sente mais tédio que paixão. Talvez seja verdade, mas talvez o que muda mesmo é o tipo de beleza que a gente aprende a enxergar.
Já reparou como tem casais que parecem dançar a dois mesmo em silêncio? Como se tivessem feito um pacto secreto de continuar se escolhendo, mesmo quando a música muda?
Respondi mentalmente uma vez amigos que disseram ser impossível sentir frio na barriga pela companheira(o) de anos, tomara que seja possível sim. Tomara que a gente não precise se contentar com um amor morno, automático, vencido pelo cansaço. Tomara que existam mesmo amores com fôlego longo, que se reinventam, que não adoecem de tédio.
Mas, pra isso, talvez o amor precise ser mais verbo do que sentimento. Precise ter essa tal interessância. Um brilho que não depende do outro, mas começa em nós.
Tem interessância quem é interessado. Quem é curiosa pelo mundo, quem cultiva aquilo que ama fazer, mesmo quando ninguém está assistindo. Quem se olha no espelho com certa generosidade. Quem tem repertório, memória afetiva, histórias guardadas para dias de chuva.
E isso me fez pensar: será que o segredo não é só amar o outro, mas continuar apaixonada por quem a gente está se tornando?
Talvez manter um amor vivo seja como cuidar de uma planta que mora na gente. Regar com tempo, sol, presença. Trocar o vaso quando começa a apertar. Deixar florescer e, às vezes, aceitar a poda.
Amar, no fim das contas, é escolher continuar. Mas não do mesmo jeito. Continuar como quem dança. Como quem muda o passo, mas não solta a mão.
Curadoria Semanal
é claro que uma romântica incurável como eu teria uma playlist de músicas que aquecem o seu coração apaixonado na manga. Aproveite essa playlist acompanhada ou sozinha, com uma taça de vinho, ou não.
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